quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

me são dadas
me são compridas
mas cumpro-as,
ainda que em
encurtadas
medidas,
ainda que
me demore
uma vida,
cada missão
minha é quase

(e só quase)

falida

domingo, 7 de dezembro de 2014

não sei se
ele gosta
tanto
das minhas
costas
e me diz

porque vê
o detalhe
das três 
pintas
justapostas
na encosta
entre a coluna
e as covinhas 
dos quadris

ou

se tem vergonha
de olhar na
minha cara
porque sabe
que pra essa
minha proposta
só vai ter as
suas respostas
esquivadas e
infantis
pensamento
pequeno
que vem
feroz
e me
estanca
o sono,
arranca
da veia
a calma
alheia de
viver em nós:

eu não me lembro da sua voz.
bate-e-volta
só o cego
mesmo
pra chamar de viagem

me revolta:
pra quê levo
o peso
do que ficou à margem?

R: (até) desgraça pouca é bagagem

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

se eu
olho-o
pinga
escorre

nuca
sua
a
mão
toa

soa
entre
pelos
nós
nos
pés
e
nos
cabelos


dedos
nos
vão
s
e
u
óleo
passo
a velo
pra que
procurar
onde
há mar
(?)
se há
terra
em mim
(!)
nunca foi palco
o que é chão.
até meus pés
te tocaram
com as mãos.
a dúvida não demora a roer do canto ao centro:

dói mais se te jogo fora ou se te jogo dentro?

peguei uma certa
malemolência nas
necessidades
do batente,
desdém
defensivo.
pros sem futuro
à frente, mesmo
pra quem sabe
que vai a esmo,
essa conquista
que é a preguiça
do presente
se bem-quista,
tem valor incrível.
me sobe
os pelos
beijar
com zelo

(que é tanto e tanto falta)

o osso
que salta
do seu
tornozelo
amar(r)
a
nós

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

watch
what
the
waves
will
wash 
away

hold
(k)not
too
tight

tide 
has 
its 
all
ways
it
knows 
best
what

should
or
not
stay

what
might
last
over 
one
blessed

(first
yet
last)

day
estar na água
é feito todo o
afeto que
quero 
ter
não há o que
compreender
não tem
meio ter
mo
metro afundo
ou só o pé
mangueira
maré ou
sal
para a real
sensação des
se perder,
basta ser
mos

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

há muito 
que dizem
lá em 
Cabinda:

palavra dita 
é briga finda


assim, 
se abafar 
o que vem 
à mente
desgraça 
em mar
se encontra
à frente:


mentira e
omissão
separam
a gente
da gente,


pra que te atente
avisa o griot:


"já disse ao sinhô
cuida-te, vivente
pra não ficar
tu só, a esmo


pois antes 
o mundo 
separar-se de ti
que te 
separares
de ti mesmo"
guia
escuro
o olho
alumia
ouve
comigo
o ruído
pede
vento
ao pé
do ouvido
fazer
ser
sentido
beijar
lendo
atento
bússola
aponta
o norte
dentro
assopra
o corte
aporta,
abre
o ventre
entre

agora 
e
sempre
não há 
no amor
conta-gotas
para esforços
entendo.
aqui
não se 
transborda 
por esgotamento
transborda-se
para ser
preenchido
por dentro
de desejo
saudade
de fome
e tempo
posso não ter
paciência tal
rio curvo ou
sopro lento
mas pai anunciou
desde o parto
que eu não seria
qual outras mulheres

minha fome
sempre há
de atropelar
os talheres

terça-feira, 11 de novembro de 2014

terça-feira, 21 de outubro de 2014


ensopam minha blusa
sem motivo
pelo banal aperto na garganta
pela saliva que desce seca

                                                   lágrimas
(em andamento)
chiado no peito
esforço do grito

o ar rarefeito
acordo tossindo
engasgo em seco
garganta fechada
respiro imediato
a boca rasgada
a raiz do gosto
de azedo proveito
bruta macieira 
nasceu em meu peito
pra quê morar em São Paulo se tem um Uruguai inteiro?
pra quê morar em São Paulo se tem o Rio de Janeiro?
se tem São Luís de Paraitinga,
se tem Três Corações,
ou um só, mesmo.
desconfiar não é comigo,
eu abraço peito aberto
sem saber assim ao certo
se vem ou não inimigo

e quando não retribuem
esta rara serventia,
não troco noite por dia,
nem me volto ao meu umbigo

eu confio de começo porque sei que não perdoo,
e por isso – deixo claro – meu peito não traz pranto
pois do tanto que é raro e verdadeiro que me doo,
pra não perdoar, sei: tenho aval do meu santo.

e assim mostro no caminho, sem vaidade, a que vim:
pra que além dessa cidade, confiem às cegas por mim
das vezes que enganada, nem lembro ou penso sobre
corto o mal pela raiz, não cultivo planta podre

assim se distingue logo bem cedo
quem é de fé, e quem é de medo.