Eu nunca vou esquecer os verões em Porto Alegre: da cerveja na cidade baixa, do calor no teu quarto. Dormir sendo impossível, e a regra era não descolar os corpos.
Tua pele era escura de brasa - quase insuportável de tocar sem me queimar - e as sardas, faíscas. Eu nunca me importei com as cicatrizes.
O verão de Porto Alegre tinha tuas manias lindas, o teu quarto, teus “tu”s, e nós. Só saíamos quando era pra ver o pôr-do-sol no Guaíba. E nas cartas eu te chamava “meu pôr-do-sol”, tu lembra?
Na boca eu guardo hoje o gosto-sol do teu gosto. Do meu corpo nunca vai se desprender o teu verão, as tuas manias, teu mormaço debaixo das cobertas.
(Mesmo num verão de 36 graus o teu banho era fervendo. O teu sono, com cobertor. E o teu beijo tinha gosto quente de chimarrão. A bomba sempre queimou minha boca, mas a tua não! Você tinha era calor pra esquentar toda São Paulo...)
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