terça-feira, 21 de outubro de 2014

desconfiar não é comigo,
eu abraço peito aberto
sem saber assim ao certo
se vem ou não inimigo

e quando não retribuem
esta rara serventia,
não troco noite por dia,
nem me volto ao meu umbigo

eu confio de começo porque sei que não perdoo,
e por isso – deixo claro – meu peito não traz pranto
pois do tanto que é raro e verdadeiro que me doo,
pra não perdoar, sei: tenho aval do meu santo.

e assim mostro no caminho, sem vaidade, a que vim:
pra que além dessa cidade, confiem às cegas por mim
das vezes que enganada, nem lembro ou penso sobre
corto o mal pela raiz, não cultivo planta podre

assim se distingue logo bem cedo
quem é de fé, e quem é de medo.

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